Sala do Bicho-Pau

A EMEA Parque Tangará / Parque Escola tem uma espaço que trata especialmente desses insetos e suas características, incluindo um viveiro de adultos e um berçário da espécie brasileira Cladomorphus phyllinum e um viveiro com adulto da espécie australiana Extatosoma tiaratum.

São conhecidas cerca de 3 mil espécies no mundo e 220 no Brasil. Os bichos-pau são insetos fáceis de reconhecer pois se assemelham com galhos, folhas e até mesmo líquens; porém, podem ser confundidos com outros insetos, como manés-magros ou taquarinha. São conhecidos como bicho-pau, mas existem várias outras denominações: treme-treme, taquarinha, taquara-seca, bicho-folha, bicho-palha, cipó-seco, chico-magro, mané-magro, Manuel-magro, Maria-seca.

As fêmeas de bicho-pau não possuem asas e podem atingir até 25cm nas espécies sul-americanas, vivendo cerca de dois anos e meio (30 meses). Os machos costumam ser bem menores, podendo chegar até 13cm, possuem asas e vivem cerca de um ano e meio (18 meses). Sua alimentação inclui folhas e partes de plantas como goiabeira, araçá, eucalipto e pitangueira.

Conforme esses animais crescem, eles trocam o seu esqueleto externo, chamado de exoesqueleto. O processo de troca desse exoesqueleto é denominado ecdise (muda). Em geral o bicho-pau macho troca até 5 vezes de ecdise, enquanto a fêmea pode realizar a troca até 8 vezes devido ao seu tamanho. Cada troca demora em média de 15 a 30 minutos e a cada troca eles ficam mais vulneráveis e fracos, assim suscetíveis a possíveis predadores.

Como mecanismo de defesa, o bicho-pau assemelha-se a galhos para se proteger de predadores como aves e macacos, processo este chamado de mimetismo. Algumas espécies, como o bicho-pau australiano e filhotes do C. phyllinum (brasileiro), conseguem também mimetizar um escorpião, elevando seu abdome e ficando semelhante a posição de ataque desse animal. Além do mimetismo, o bicho-pau também realiza o processo de camuflagem, visto que consegue se misturar ao ambiente e ficar “invisível”. O bicho-pau possui ainda um outro método de defesa, que consiste em se fingir de morto (totalmente imóvel) para afugentar o predador, processo chamado de tanatose.

A reprodução destes animais é sexuada, porém, algumas espécies de bicho-pau são partenogênicas, ou seja, as fêmeas colocam ovos não fecundados. A postura de ovos chega a três ovos por dia, totalizando 300 ovos ao final de cinco meses.

Algumas espécies presentes na EMEA:

Bicho-pau Brasileiro (Cladomorphus phyllinum)
Distribuição geográfica: Origem nos estados de Amazonas e Pará, porém atualmente já pode ser encontrado em quase todo Brasil, principalmente na Mata Atlântica.
Características gerais: As fêmeas não possuem asas e podem atingir até 23 cm de comprimento, enquanto os machos possuem asas e podem atingir até 13 cm.
Alimentação: São herbívoros e se alimentam da folha de goiabeira.
Bicho-pau Australiano (Extatosoma tiaratum)
Distribuição Geográfica: endêmico da Austrália, podendo ser encontrado no Brasil apenas em criadouros.
Características gerais: As fêmeas desse inseto são cobertas de espinhos que servem para defesa e camuflagem e não possuem asas. O macho não tem espinhos, porém possuem asas e são menores que as fêmeas crescendo apenas 11 cm enquanto as fêmeas possuem 20 cm. A cor pode ser amarelo, marrom, verde, verde com preto e preto com branco na fase adulta.
Alimentação: São herbívoros e se alimentam da folha do eucalipto, carvalho, cereja, framboesa, rosa, blueberry, espinheiro, entre outras.
Curiosidade
O inseto mais longo do mundo é justamente um Bicho-Pau da espécie Phryganistria chinensis Zhao, tendo seu nome ligado ao homem chinês que o descobriu. Este bicho-pau apresenta aproximadamente 62,4 cm.
Bicho-Pau x Taquarinha (Falso Bicho-pau)
Taquarinhas ou manés-magro são insetos com características semelhantes ao bicho-pau, que atacam plantas nativas e cultivares de árvores frutíferas no nordeste do Brasil, causando prejuízo econômico nessas regiões.
Texto por: Leandro Carrascosa e Luan Modono
Referências Bibliográficas:
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PRESSE, F. Descoberto na China o inseto mais longo. Globo, 2016. Disponível em: . Acesso em: 06 de jan. de 2020.

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VARGAS, N. C.; SERRÃO, J. E.; GODÉ, L. Bicho-pau (Phasmatodea) da Reserva Biológica de Pedra Talhada. In: Studer, A., L. Nusbaumer & R. Spichiger (Eds.). Biodiversidade da Reserva Biológica de Pedra Talhada (Alagoas, Pernambuco - Brasil). Boissiera 68: 221-226. 2015.
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