Plantas Carnívoras

A EMEA Parque Tangará/ Parque Escola conta com um espaço de plantas carnívoras onde são trabalhados os temas de ecologia, água e solo e plantas. No espaço há quatro tanques incluindo seis espécies diferentes de plantas carnívoras, cultivadas exclusivamente para o uso nas aulas temáticas. Plantas insetívoras ou carnívoras, como são popularmente conhecidas, são plantas autotróficas, ou seja, produzem seu próprio alimento através do processo de fotossíntese, que evoluíram e possuem ainda mecanismos para captura de alimento, como insetos e outros pequenos animais. Esse tipo de adaptação surgiu devido à esse tipo de planta viver em solos arenosos ácidos, pobres em nutrientes e principalmente com falta de nitrogênio. De modo que sua alimentação pode ser complementada com o nitrogênio presente nos animais, compensando o que as raízes não obtêm do solo, e com demais nutrientes obtidos pela fotossíntese. Os mecanismos de captura variam de acordo com a espécie de planta, podendo ser a partir da liberação de líquido aderente, sucção, pelos ou articulação.

Espécies de Plantas Carnívoras da EMEA:

DIONEIA OU APANHA-MOSCAS
Nome Científico: Dionaea muscipula
Distribuição geográfica: Estados Unidos, nos estados da Carolina do Norte e Sul.
Características gerais: porte pequeno, podendo chegar a cerca de 20 cm. Suas folhas apresentam formato de roseta e o desenvolvimento de sua haste floral ocorre na primavera, após seu período de dormência no inverno. Suas flores são brancas e pequenas, formando uma pequena inflorescência, e ficam localizadas mais distantes das armadilhas para que insetos polinizadores não sejam predados.
Mecanismo de captura: As armadilhas possuem cor avermelhada e liberam um líquido adocicado (como o néctar) para que o inseto seja atraído. Seu mecanismo de captura é formado por folhas modificadas ativas, ou seja, com movimento de fechamento quando estimuladas; na ponta da armadilha existem estruturas em formato de pelos com função sensitiva para identificar a ação mecânica e agarrar a presa. Após o fechamento da armadilha a presa será digerida por um líquido que contém enzimas digestivas, processo que demora em torno de 10 dias (podendo variar de acordo com as condições em que a planta está) e, posteriormente, a armadilha se abrirá.
DROSERA
Nome Científico: Drosera binata
Distribuição geográfica: As plantas desse gênero podem ocorrer em todos os continentes.
Características gerais: Não possui caule e pode chegar a aproximadamente 35 cm, dependendo da espécie. Apresenta haste floral com pequenas inflorescências e em uma altura superior a planta.
Mecanismo de captura: Suas folhas possuem lâmina e pecíolo, onde nas pontas ficam pelos cobertos por uma substância pegajosa (composta por mucilagem e fluidos digestivos) com um odor parecido ao do mel e que, ao encontrar a luz solar, brilha de modo a atrair mais facilmente suas presas. Quando o inseto encosta nos pelos fica grudado pela substância e quanto mais se mexe na tentativa de escapar, mais pelos grudam, acionando a armadilha que irá enrolar pra cima da presa, que morrerá afogada na mucilagem. Após alguns dias a planta volta a se desenrolar, restando apenas o exoesqueleto do inseto, ou seja, seu esqueleto externo, que posteriormente será arrastado pelo vento ou outra ação.
NEPENTHES
Nome Científico: Nepenthes sp.
Distribuição geográfica: Madagascar, Índia, Sri-Lanka, China, Nova Guiné, Austrália.
Características gerais: Possuem forma de trepadeira e podem chegar a uma altura de 3 metros, dependendo das suas condições e espécie. Possuem haste floral, com pequenas inflorescências de cores marrom avermelhadas, ficando geralmente distante da armadilha para que polinizadores não sejam predados.
Mecanismos de captura: Estruturas semelhantes a jarros localizadas na ponta de suas folhas, que são uma continuação da folha modificada. As paredes internas dos jarros são cerosas e possuem pelos voltados para baixo, dificultando a saída da presa e fazendo com que a mesma permaneça no líquido onde será digerida. Na ponta dos jarros existe uma espécie de tampa de cor avermelhada para que a armadilha não fique encharcada. São plantas passivas, ou seja, não tem nenhum movimento quando são tocadas, portanto, os insetos são atraídos pelas cores avermelhadas da tampa e pelo odor adocicado do líquido digestivo no seu interior. O exoesqueleto dos insetos permanece no fundo da planta formando uma massa e quando a planta encerra seu ciclo o jarro seca e posteriormente cai, dando origem a uma nova folha.
PINGUICULA
Nome Científico: Pinguicula sp.
Distribuição geográfica: Ártico, Europa, América do Norte, América do Sul e México.
Características gerais: Pode chegar a 15 cm de diâmetro, dependendo da espécie e suas folhas possuem formato de roseta. É a insetívora com característica mais atrativa, por causa de suas pequenas flores, que, em algumas espécies aparecem durante todo o ano.
Mecanismo de captura: Suas folhas possuem glândulas que liberam mucilagem e odores responsáveis pela atração dos insetos, de modo que possuem um aspecto gorduroso. É uma planta ativa, apesar de seu movimento ser leve, quando o inseto cai em sua folha, as pontas se dobram para cima, para que o líquido digestivo liberado não escorra. As presas atraídas não conseguem se desprender da mucilagem e os movimentos para escapar da folha causam uma maior liberação de mucilagem, de modo que são rapidamente envolvidos e digeridos. O que sobra do inseto permanece na folha, até que seja descartado por ação da água ou vento.
SARRACENIA
Nome Científico: Espécie: Sarracenia sp. e Sarracenia psittacina
Distribuição geográfica: América do Norte
Características gerais: Podem medir 30 cm de comprimento, dependendo de sua espécie, e apresentam folhas modificadas em tubos. Possui grande haste floral que se abre apenas após a quebra de sua dormência na primavera e antes de suas armadilhas abrirem, evitando que polinizadores sejam predados.
Mecanismo de captura: São plantas passivas, ou seja, não exibem movimento para a captura de insetos, por isso a forma de atração se dá pelas cores vibrantes e odor adocicado. As presas são atraídas para dentro do tubo e escorregam para o fundo, pois as paredes são viscosas e possuem pelos voltados para baixo. Os insetos são afogados e digeridos, método muito semelhante ao apresentado pelo gênero Nepenthes. No topo dos jarros há uma espécie de tampa, que auxilia para que não entre água em excesso.
Algumas espécies não possuem forma tubular, como é o caso da Sarracenia psittacina, que apresenta uma pequena entrada no topo do seu jarro, atraindo as presas pelo odor adocicado que vem de dentro do tubo e pelas cores vibrantes pelo formato diferenciado. Devido ao formato diferenciado, captura presas distintas das outras espécies. O inseto capturado é digerido por em média 48hr, com o auxílio de bactérias nitrificantes encontradas no líquido digestivo da planta (mutualismo).
REFERÊNCIAS
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